Educar é saber amar

O sonho de Tartula

Hoje contarei a história O sonho de Tartula -  Mariluz Valadão
(utilizar fantoche, ou teatrinho, para contar a história. Eu dei as personagens coladas em cartolina com adesivo atrás e o painel da natureza como fundo. A medida que eu contava a história as crianças movimentavam as personagens)

Era uma vez uma linda mata, habitada por alguns pequenos bichos, pássaros miúdos, algumas velhas corujas e ...Ah! Sim. Também a Tartula, uma pequena tartaruga.
Os bichos eram alegres e brincalhões e viviam a correr e a brincar. A certa distância, havia uma lagoa que era separada da mata por uma grande faixa de areia macia e amarelada, formando uma enorme praia. 

Nos dias de calor, iam todos á lagoa tomar banho e, depois, estiravam-se na areia, ao sol morno da manhã. Bem, nem todos. A Tartula não. Era muito vagarosa e não conseguia acompanhar os outros. por isso vivia só e ... triste.
Os bichos achavam a tartaruga, por ser assim tão lerda, atrapalhava as brincadeiras. Mas o que mais incomodava a bicharada era um Gavião, que morava bem no alto de um jatobá, logo ali na entrada da mata. Costumava-se esconde-se lá até que os bichinhos saíam a brincar pela mata. (...)


Quem sofria era a Tartula, que não podia correr. O Gavião gostava-lhe de bicar-lhe a cauda, sempre que a pegava distraída mas ela se defendia escondendo-se em sua casca. Então o Gavião subia em suas costas e punha a pular, pular, até se cansar.
Num desses dias quentes, quando os bichinhos se preparavam para ir á lagoa para o banho matinal e tagarelavam alegremente sobre as brincadeiras que lá fariam, uma voz fininha se fez ouvir. Era a Tartula perguntando onde iam todos. Sabendo que ela queria acompanhá-los eles disseram que não iam a lugar algum. Tartula insistiu dizendo que sabia; eles iam á lagoa e queria ir também. Mas o Gambá tomou a palavra e tentou explicar: - Você anda muito devagar e vai ficar pra trás.


E o macaco disse também: - Da última vez que a levamos conosco, você andou tão devagar que, quando chegamos lá o sol já tinha ido dormir.
Nada adiantou a Tartula dizer que dessa vez iria depressa. O Coelho foi falando: -Não! Isso você diz sempre!Mas com essa casca pesada, até um caracol anda mais depressa que você!!! Tchau! Vá dormir com sua casca!
Dizendo isso, os bichos puseram-se a caminho. E Tartula muito triste, olhava-os com os olhos cheios de lágrimas. Quando eles desapareceram, ela se arrastou para dentro de um velho buraco de tatu e pôs-se a chorar:
-Hóóóóó! Como sou infeliz. Não consigo nem brincar com meus amigos. Também, eu sou tão vagarosa! Hóóóóó... como a natureza foi tão ingrata comigo, dando-me esse trambolho de casca!Se não tivesse que carregar essa "droga", poderia correr e brincar com os outros bichinhos, e não estaria assim tão sozinha... Não sei porque Deus, o meu Papai do Céu, me fez assim. Podia bem ter-me feito diferente... Aí , sim... eu poderia ser feliz e viveria muito contente.
E assim, sem conseguir entender o porquê de sua casa, chorou... chorou... chorou... até adormecer. De repente, pareceu-lhe que estava diferente!!! Ora vejam só! Sentia-se mais leve! E um friozinho também. Realmente era uma sensação muito diferente.
-Engraçado, que há comigo? Tartula abriu os olhos e ... Estava sem casca!!! Fechou os olhos de novo. - Não acredito! - pensou. Abriu os olhos - Ora essa! Estou sem casca!!! Ao seu lado estava a casca vazia! - É verdade!!! É verdade!!! Exclamou maravilhada.

Era inacreditável! Que teria acontecido?Tartula sentou-se sobre a casca vazia, a fim de pensar sobre o acontecimento. Mestre Coruja que é muito sábio, havia lhe falado sobre o Papai do Céu: 
"Ele fez o mundo e criou todas as coisas. E fez tudo muito bem feito!"
Porém, pensou Tartula,aquela casca não fora bem feita, só a atrapalhava.- Sim! Deve ser isso mesmo. O Criador reconheceu que minha casca não servia para nada. Fiquei muito melhor assim!
Bem, agora Tartula tinha que mostrar aos outros bichinhos sua nova aparência. - Vou á lagoa! A turma vai ficar assombrada! E saiu correndo. Atravessou a mata, e, num instante, já se encontrava a poucos passos da lagoa.
- Hei turma!!!Olhem! Eu estou aqui!!!  Os bichinhos olharam. V-V-V-Vejam!!! Gaguejou o Coelho.
Tartula ficara muito diferente sem a casca, e os bichinhos não a reconheceram.
- Céus! O que é aquilo? gritou o Macaco.
- É um marciano!!!
- Vem em nossa direção! Corram!!!
- Aii!!! Vamos embora! Fujam!
- Sou eu! A Tartula! - gritou a tartaruga. Mas os bichinhos já estavam longe, correndo a bom correr, assustados com aquela "visão" esquisita, pois nunca tinham visto uma "coisa" como aquela!
-Oh!Vão todos embora! pensou a tartaruga desapontada. O sol estava morno e Tartula  estirou-se na areia macia. Ajeitou os óculos escuros e disse para si: - Não faz mal! Ficarei com a praia só pra mim. Que calorzinho gostoso! Como é bom poder-me estirar-me assim, ao sol, fora daquela casca grossa!

Fechou os olhos e cochilou na areia morna. As horas foram passando e o sol foi ficando grandão, vermelho, abrasador!!!Seu corpo ardia, horrivelmente pois estava sem proteção sem a proteção da casca, o sol queimara-lhe a pele fina. Sentou-se na areia quente e olhou-se: estava " vermelhinha da silva"! Ficou horrorizada!!!

-Como  estou queimada de sol! Preciso achar logo uma sombra, senão morro assada!
Tartula lembrou-se que lá na mata , àquela hora estava fresquinha. Teria que chegar até lá senão seria seu fim!
Desesperada pôs-se a arrastar-se pois a areia afundava seus pés, dificultando-lhe a caminhada.E o sol, ah! Tornava-se cada vez maior e mais quente, parecendo persegui-la com seus raios, a castigar-lhe a pele já queimada.
-Ah, que bom seria se eu estivesse na minha casquinha! Bastava que me recolhesse para dentro dela e pronto! Nem todo esse sol poderia fazer-me mal! Como era fresquinha e agradável, a minha casquinha!

Pela primeira vez, então, a Tartula começou a compreender a importância de sua casca. E a noite chegou, uma lua grande e brilhante substituiu o sol.
-Ainda bem que estou chegando! Já estou vendo a árvore onde mora o Gavião. Lá está ele em seu galho favorito. Tomara que ele esteja dormindo!
A pobrezinha tremia de frio e de medo. Se o Gavião a visse, estaria perdida, sem a casca!!!


Ia passando debaixo do nariz do Gavião, quando este, abrindo o olho, perguntou-lhe:- onde vai a esta hora? Tartula não respondeu. 
- Ah! Deve ser uma salsicha ambulante: com mostarda e pão, você vai bem!! exclamou o Gavião. -Venha cá; acho que vou comê-la...
A pobre Tartula começou a correr pela mata.
O Gavião alçou vôo  e rapidamente a alcançou.
-Pare!!! gritou. - Não adianta correr, que eu te pego mesmo!
 Tartula correu mais ainda. Quase não aguentava mais! O Gavião atirou-se sobre ela e, prendendo-a com suas garras possantes, elevou-se ao ar novamente.
-Ah! Que petisco! Disse o Gavião. Vou carregá-la para o meu ninho e fazer com você um belo sanduíche! Sim senhor! Que belo sanduíche!!!
Tartula a essa altura, berrava, berrava, berrava...
...até que acordou, com seus próprios berros!!! Ela se encontrava em sua casca, no mesmo lugar, dentro da velha toca de tatu, onde se escondera para chorar!!! Tartula compreendeu tudo, então! Adormecera e sonhara tudo aquilo. Ou melhor: tivera um pesadelo. E que pesadelo!
-Ah! Que alívio! Como é bom estar na minha casquinha! Como eu gosto dela! Esse sonho ensinou-me uma lição. Mestre Coruja é quem estava certo!
O Criador sabe o que faz... 
Se ele me deu esta casca, é porque eu não poderia mesmo viver sem ela. Como eu Lhe agradeço por tê-la, agora que sei para que serve!!!

Sugestão de Atividade:
Fazer os personagens da história:

Tartaruga Tartulaa
Gavião